Capítulo 2: “Um encontro indesejado!”
*Nikko, Japão, 2 anos mais tarde*
– Olá pessoal! Tudo bem?
– Olha quem é ele! Tudo bem, Kaji! E contigo?
Kaji é o irmão de Katsumo. Mais novo que este, ele seguiu outro caminho que não o das artes marciais. Ele tinha 17 anos, sendo um rapaz feliz e despreocupado como a maioria dos rapazes da sua idade. Era um rapaz bonito. Cabelos compridos, abaixo dos ombros, castanhos-claros, davam-lhe um ar rebelde. Tinha olhos castanhos-claros, cor de amêndoa, um sorriso atrevido que fazia as suas bochechas fazerem uma covinha. Moreno quanto baste, elegante e com um corpo bem musculado, graças aos treinos que fizera com o irmão. Este partira numa demanda, há algum tempo atrás. As raparigas adoravam-no e ele a elas! Era um rapaz muito popular e divertido, apesar dos amigos saberem que ele passava algumas dificuldades. Era orgulhoso e determinado. Como confiava muito em si mesmo, conseguia safar-se e trabalhava numa discoteca como RP.
– Está tudo bem, manos! Tudo numa boa! Vamos bazar? Hoje estou de folga, vamos curtir a noite! – Exclamou Kaji.
– Sim! – Exclamaram os amigos dele, satisfeitos.
O grupo parte satisfeito a rir e a comentar as mais recentes conquistas que tinham feito. Estava uma bela noite primaveril. Depois de pararem em vários bares, decidem partir rumo a uma das discotecas mais famosas de Nikko. Após uma noite de muita diversão, já a noite estava a dar lugar ao dia, quando Kaji se apercebe que estavam a ser seguidos…
– Meus, faz 15 minutos que 2 tipos estão a seguir-nos… – Sussurra Kaji, preocupado.
Um dos amigos, meio bêbado, ri-se e responde:
– Às tantas andaste a curtir com a miúda de um deles…
Os outros amigos riem-se. O álcool nunca era bom aliado neste tipo de situações e Kaji sabia-o. Tentando suavizar a coisa, responde:
– Humph! Quero lá bem saber…não tenho culpa que as miúdas me curtam, não é?
Os dois homens que os seguiam apercebem-se que Kaji os tinha visto. Sem alternativa, decidem trocar-lhe as voltas mas este vira-se de repente e confronta-os:
– Olhem lá…vocês andam a seguir-nos porquê? – Pergunta Kaji, meio zangado.
– És tu o Kaji Hoshi, o irmão mais novo de Katsumo Hoshi? – Pergunta um deles, fazendo uma vénia.
Ao ouvir o nome do irmão, Kaji acena com a cabeça surpreso:
– Sim, sou eu. Porquê?
Um dos amigos, o que estava mais bêbado, vira-se para eles a rir e diz:
– Vocês parecem palhaços! Vêm de algum circo?
Os outros começam-se a rir com gosto. Kaji mantém-se sério e em estado de alerta. Não estava nada a gostar daqueles tipos!
– Mais respeitinho miúdo! – Resmunga o outro homem, fechando o punho, levemente enfurecido.
Sorrindo, o outro homem diz:
– Estamos a ser mal-educados! Eu chamo-me Ghrishma e o meu amigo chama-se Arun. Nós gostaríamos que nos acompanhasses…o nosso Mestre quer ver-te, faz questão disso!
Kaji começa a rir e responde:
– É que NEM penses! Eu não participo em palhaçadas! Além disso, nem vos conheço! O melhor é darem de “frosques”!
Os amigos de Kaji aplaudem a rir:
– É assim mesmo!
– Ai é….?
Foi tudo muito rápido. Arun aproxima-se de Kaji e aplica-lhe uma joelhada tão rápida que este nem se apercebeu antes de sentir a dor.
– Aiiiiiiiiii…. – Grita Kaji, caindo inconsciente, enquanto os amigos dele fogem aos berros gritando:
– Acudam, acudam! Socorro! Os palhaços são doidos!!
Ghrishma aproxima-se de Kaji e observa-o. Ao fim de alguns segundos suspira e diz:
– Ohhhh….foste tão mauzinho com ele…ainda por cima é um rapazinho tão giro!
– Humph! Vamos embora! Traz o miúdo! – Remata Arun, virando costas.
Passadas algumas horas, Ghrishma e Arun regressam ao quartel-general na companhia de Kaji. Este mantinha-se inconsciente, devido ao forte golpe que Arun lhe havia aplicado. O chefe deles aguardava-os com alguma impaciência.
– Finalmente chegaram! Trazem-me alguma novidade? – Perguntou.
– Sim Mestre! – Responderam Arun e Ghrishma, com uma vénia.
– Óptimo!
Ghrishma aproxima-se mais e diz:
– Senhor, trouxemos o irmão de Katsumo Hoshi, tal como pediu! Ele ofereceu alguma resistência mas…nós tratamos disso…!
– Hummmmmmm…acordem-no! – Responde o misterioso patrão de ambos.
Arun dá um novo golpe em Kaji e ele desperta de repente! Confuso e cheio de dores, este vira-se para todos os lados e pergunta:
– Mas…onde estou? O que é isto?
Nas sombras, uma voz começa a rir-se e responde:
– Mwa ah ah ah! Bem-vindo ao meu humilde lar, Kaji! O meu nome é… X.
Kaji olha à sua volta. Era um lugar húmido e escuro. Pelo ambiente, estaria numa gruta ou caverna, bastante grande…sentia que estava numa base, muitos metros abaixo da superfície. E aquelas pessoas? Quem seriam? O que queriam dele e do seu irmão? Indignado com tudo o que se estava a passar, Kaji levanta-se, meio tonto ainda e pergunta em tom de desafio:
– X? Hum…! Belo nome…! Mas afinal, porque me mandaste capturar?
X move-se nas sombras e após um breve silêncio, responde:
– Há já muito tempo que espero pela vingança! O teu irmão Katsumo derrotou Arun, o meu melhor guerreiro! Além disso, soube que ele tem treinado muito, quero ver se continua tão bom e forte como se diz por aí!
Kaji olha para o misterioso vulto e diz:
– És mesmo idiota! Julgas que o meu irmão vai preocupar-se em vir até aqui, para dar uma tareia a um bando de palhaços como tu e os teus amigos?
– Pobre insolente! Vê-se logo que não me conheces! Nunca ouviste falar de mim, mas o teu irmão conhece-me bastante bem… O teu irmão terá de lutar contra mim! – exclama X, completamente irado.
Kaji ri-se incrédulo. Não era possível. Aquilo só podia ser uma piada de extremo mau gosto, criada pelos seus amigos. Virando costas, ironiza:
– Nunca! Eu jamais permitirei tal coisa! Só por cima do meu cadáver!
X suspira e abana a cabeça. Porque seria que as pessoas não pensavam antes de falar? A coisa que mais o irritava era isso. Saindo finalmente das sombras, responde:
– Humph! Então meu querido amigo…que o teu desejo se torne realidade…
X coloca-se em posição de combate. Kaji, ao ver aquilo, apercebe-se que a brincadeira estava a ir longe demais. Mas, seria mesmo uma brincadeira? Começou a ficar assustado… Gotas de suor começaram a descer pelo seu pescoço rumo ao peito, completamente suado. Sem alternativa, ele coloca-se em posição de combate também. X aproxima-se. Sorrindo por detrás da máscara, move-se rapidamente, enquanto Kaji tenta defender-se dos golpes. Aproxima-se, dá o golpe e afasta-se. Repetia o ciclo, perante o coro de gargalhadas dos seus súbditos. A dada altura, X tira a máscara e olha para Kaji:
– É isto que o teu irmão te ensinou? Que grande anedota, meu jovem!
Horrorizado pela expressão de malvadez no rosto de X, Kaji responde:
– Eu não treino! Nem tenho ideias de ser lutador! Mas que raio! Afinal quem és tu?
– A questão é saber o que vou fazer contigo…não passas de um isco…um isco que pode ser usado vivo ou morto… – Responde X, colocando novamente a máscara.
Infelizmente para Kaji, X falava muito a sério. Não tardou muito a que uma demonstração de poder fizesse Kaji perceber que estava em muitos maus lençóis. Ainda assim, Kaji tenta fazer frente àquele monstro que tinha pela frente:
– O meu irmão já derrotou gente melhor que tu! És um doido, um louco! E acima disso, escondes-te por detrás dessa máscara ridícula!
Enraivecido, X perde a paciência e aplica um pontapé alto em cheio na cabeça de Kaji. O pontapé fora forte demais. Kaji cai inconsciente. X aproxima-se do jovem adolescente. Vira-o e abaixa-se para sentir a sua pulsação. Depois de confirmar que ele morrera, ri-se malévolo:
– Mwa ah ah ah! Arun! Leva este monte de esterco e dá-o de comer aos cães! – Ordena X, virando costas.
Arun aproxima-se e com uma vénia responde:
– Às suas ordens, Mestre!
Ghrishma olha para o corpo inanimado de Kaji.
– “Que pena! Terias ficado vivo se tivesses colaborado com o Mestre!” – Pensou ele.
Embora apreciasse mulheres, existiam certos homens que o cativavam. Kaji tinha sido um deles. Estava morto, pelo que mais nada havia a fazer. Suspirando levemente, seguiu atrás de X, recompondo-se quase de imediato.
– Foi muito fácil, Mestre! – Exclamou Ghrishma.
X aproximou-se de um grande cadeirão e sentou-se. A primeira etapa do seu plano estava concluída. Estalando os dedos, Ghrishma serviu-o com uma taça de vinho tinto. X pegou na taça e saboreando o doce néctar, disse:
– Só espero que o Katsumo morda o isco…
[Continua…]
No próximo capítulo: “O Convite!”
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